quinta-feira, novembro 13, 2008

Não tenho paciência para adultos...

Não tenho paciência para adultos, pr'aqueles que julgam ser donos da razão, e que perdem tempo em ser razoáveis e racionais.
Estou farta de falsos discursos, de conversas da treta! Daqueles que comem com os olhos e os restos deitam pró chão...
São ocupas de tempo e de espaço, fazem apenas parte da multidão, multidão essa que se atropela aos molhos...e não passam de mais restos, porque tudo o que está a mais ou sobra são restos,ou não?!
Estou farta de tropeçar! Estou farta que me atropelem! E estou farta de ficar no chão...como os restos, como o resto! Porque também sou parte do resto, afinal, e também já não presto.
A verdade é que já não me aturo, já não tenho paciência por me deixarem no chão, por ter de empurrar também...por não sonhar mais, como os olhos que brilham sem ter qualquer razão, mas que também não procuram qualquer motivo para serem assim.
E ando triste...e sou resto junto contigo, tão desprezível e sobrante quanto tu!
Já não olho para o céu e para o infinito, mas para o chão e para o abismo.
Assemelhas-te aos que rastejam, e vives sendo pisado ou a pisar, e o chão continua a ser onde vives, para onde olhas, com olhos vazios e apagados...apenas olhas para o chão!
E segues sem olhar para trás. Continuas no chão, de olhos cravados e fixos, com nuances de raiva e arrogância e cataratas de ciúme e desconfiança que te vão cegando...sim,pouco a pouco vais cegando, e só vês aquilo que todos vêem, e és apenas mais alguém que não é ninguém...uma mente corrupta e corrompida...um adulto!
Agora, deixas que te cortem as asas? Tens a certeza que queres ser mais um adulto que tenho vontade de esmagar, de espezinhar??!
Pensa bem!...ou não penses, gasta antes energias a fazer algo que não seja "coisa de adulto", porque só somos restos porque muitas vezes nos dá jeito!

sábado, outubro 18, 2008

Procurando o meu rasto...

18/Out/2008 19:25

Encontro-me nestes montes. Nestes montes me encontro. E é para eles que escrevo, e em nome deles escrevo para as minhas memórias.
Não vivo sem cá voltar. Pode tudo perder o sentido, nada mais ter significado, ficar vazia...mas estes contrastes de cor, estes intemporais outonos ficam para sempre. São pedaços de Terra, são pedaços de gente, são restos da minha alma! Não são de ninguém, e ao mesmo tempo são de toda a gente. Pertencem ao mundo, mas são Terra de ninguém.
Terra, elemento de vida! Imanam sabores, cores, cheiros...cheira a velho e cheira a fumo...rastos humanos, na passagem do tempo, pela Terra.
Fico sem palavras. Apenas saboreio e deixo-me levar. Procuro tudo onde não há nada...encho-me com estes olhos "que a Terra há-de comer"!
Passa o Vento pelos pinheiros e o Sol duro e quente faz estalar as pinhas e traz aquele arome verde, aquele cheiro que eu amo...aqui consigo respirar fundo, viver um pouco. Apanharia a sua essência se me deixassem e guardaria esse rasto de mim, essa pequena parte daquilo que amo. Mas também não quero levar algo que não é meu, que é de ninguém. Assim sei sempre onde a encontrar...essa essência, essa Terra que é parte de mim!
Então deixo-a ficar. E continuo a olhar, a sentir. Remeniscências daquilo que fui, e deixo-me ficar. Permaneço tranquila e inerte. Deixo-me absorver pelo espaço e pelo momento. A brisa suave acompanha-me neste processo e leva-me para longe, leva-me até às memórias...
Mas eu continuo ali. Eu e os pinheiros! Eu e as sombras! Eu e os cheiros! Eu e os montes! Sozinha... deslumbrada... alienada... esquecida... Só eu, e esta Terra! Doi-me a alma! Doi-me eu estar aqui...sozinha. Voltar a um pedaço de Terra onde fui tudo. E agora estou aqui porque reconheço esta força, esta serenidade. Sinto esta envolvência que me chama, e procuro o meu rasto! O meu rasto, uma identificação. Agarro-me ao passado com sede no futuro.
Não faço perguntas, apenas tento encontrar-me. Ver estes pinheiros, sentir esta brisa, recorda-me a vida, recorda-me o que é viver com serenidade...

Bragança, 17 Outubro 2008...(sick...but strong enough)