terça-feira, junho 30, 2009

O que vês na escuridão?? Em que sentimentos tropeças?

Esta ansiedade que me faz tropeçar em sentimentos que já não sei a quem pertencem, faz ainda anoitecer o meu coração...

Doi-me falar, com os nós que trago atravessados na garganta,
E a tua negra indiferença só me deixa escrever o que trago abafado, e quase a morrer...
Porque apenas teimas em seres tu,
esse pedestal intocável e inacessível em que te tornaste!
Na santa inutilidade em que tornaste a vida e o verbo amar,
conseguiste deixar para trás, e nas trevas, alguém: eu.

Onde foste arrancar esse poder?
Conseguiste, finalmente, a tua torre de menagem? Ou preferiste ficar, eternamente, encerrado na tua masmorra?!

Está escuro...perdi de vista o mistério e a ternura do teu olhar,
e voltei a tropeçar nesse sentimento que um dia me levou até ti,
e que agora apenas serve para tornar o meu caminho mais cansado e triste...
Tropeço e dou cabeçadas. Apenas se veem estilhaços de coração,
que estão agora espalhados, e rasgam estes pés que juraram jamais pisar aquilo que já se partiu,
que já não parece ter cura, que vai adoecendo no coração até morrer: doente de amor??

Ainda me lembro do dia em que me perdi na escuridão.
Recordo ainda o dia em que te perdi...
Ainda me lembro de tentar guardar com cuidado,
os restos de mim que se partiam, se perdiam...até que a Soberania da escuridão me fez definitavemente perder de vista o chão que pisava...e os meus olhos anoiteceram em lágrimas...

A partir desse dia, como me lembro!,
tentei rcompor cada pedaço de mim,
voltar a conquistar o meu chão e a minha luz!...mas tu não deixaste, e a negra indiferença da tua masmorra, até hoje, fez crescer a muralha arruinada que agora me sinto.
Como podes ser tão cruel?...
Já que não deixaste que fosse princesa no teu castelo,
porque não me deixas apenas erguer um castelo de faz-de-conta, onde me possa defender?!
É que se ainda, pelo menos, fosses pedra no meu caminho, servir-me-ias de algo...
Agora assim, enclausurado na tua frieza, simplesmente não consigo ver-te, e perco-te cada vez mais, e eu cada vez sou mais ruína.

Foste tu quem partiu o meu telhado de vidro,
e o meu esforço em reconstrui-lo de novo foi em vão.
Nesse palácio de cristal onde morávamos outrora,
hoje apenas existem ruínas, estilhaços, sombras e muitos medos...
Lá, vivem agora gritos de um coração, sozinho e destruído,
que não sabe andar pela escuridão, mas vive infernizado por sombras de alguém...

Não te peço que desças daí!
Deixa-te estar na tua jaula,
masmorra de ti, e que embora te proteja dos outros,
não te afasta da tua pessoa, nem da falsa criatura em que te tornaste!
Eu?
Eu talvez também permaneça por aqui perto...não sei, andarei e tropeçarei por aí, de certo.
Afinal tu já não te perdes, aí fechado,
se calhar não devo mesmo preocupar-me mais contigo...tu não te abalarás.


E uma brisa suave te encontrará um dia, nem que seja muito subtil, quase ao jeito da poesia...
e contar-te-á todos aqueles segredos que nunca chegaste a descobrir comigo, porque roubaste o ar do último suspiro que dei contigo, por amor.